quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

                                                          

                                                     
 Pintei o cenário
 e coloquei no prumo;
 varri a plateia,
 arrumei os bastidores.
 No camarim, frutas e champanha:
eu seria a personagem principal.
Depois repassei minhas falas,
provei minhas fantasias,
e me pus a chorar:
numa escada invertida,
nem em cima
nem embaixo,
passavam estranhas figuras,
grandes demais para mim.

( Eu andava pelo palco, sem sapatos nem rumo.)

Alguém me chama, bem atrás na plateia:
um aceno, uma voz sumida
parece dizer meu Nome.
* É alguém de óculos, pois as lentes refletem a luz do teto.*
Posso responder?
Devo acenar de volta?
Atrás de mim
alguém veste os bonecos da VIDA
e as estátuas da MORTE.
Euforia e Medo,
é com eles q vou contracenar
( ou é comigo mesma?).

( Por cima do nariz de palhaço ajeito meus óculos para ver melhor)

O cenário é uma casa,
cabana ou um castelo.
Alguns manequins de plástico são os atores:
Soldados, reis, servos e príncipes
 E alguém q já MORREU.
Portas abrem ou fecham num longo corredor,
para eu inventar os objetos e falas.

Posso mudar tudo:
criar árvores no mar,
pássaros e trilhas
que se entrecruzam
incomunicáveis.

Viver é todos os dias partejar a vida.
( Ela nasce com cabeça grande demais, muitos braços
- ás vezes sem pernas.)
Dar à luz dói.
Faço isso todos os dias,
exposto como num palco:
aquele bonequinho 
sou eu
num mundo q vou montando.

Mas nem tudo me assusta,
nem tudo me prende:
posso abrir algumas portas,
posso fechar outras, 
posso escolher o sexo
e a cor dos olhos de cada um.

Postei-me na beira do palco:
terminada a última fala,
o gesto final concluído.
Dobro-me em dois para agradecer,
pois me aplaudem:
pareço uma criança pronta para entrar

( Em uma casa nova )

Se eu erguer o rosto e abrir os olhos,
se pedir papel e caneta
ou meu computador,
poderei reescrever tudo ou parte do q fiz.
Pois cada sopro de voz aqui
e cada gesto que se desenha
reverberam por todos os quartos 
que se expandem
e corredores que se desenrolam,
na renovação do SONHO
e completude do círculo.

Para o sempre do sempre Amém....


                                              ( Costumo chama-la de A PEQUENA NOTÁVEL....."Lya Luft" )
                                                * Os dias por aqui andam frios.....*